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Covid-19. Do estresse ao medo

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De quarentena, já estamos na "noventena", e não vislumbramos até onde vamos prosseguir nesse estresse. A preocupação inicial passou ao medo. Medo do desconhecido. Medo do que pode vir a acontecer quando o sistema de saúde se exaurir completamente. Por que não estamos melhor e estamos entre os países mais problemáticos para sair dessa pandemia? Estamos administrando mal a crise. Temos três esferas administrativas para gerir o sistema: a federal, as estaduais e as municipais. Cada uma dessas esferas adota um critério e administra de uma maneira.

Enquanto os municípios e os Estados trabalham com o distanciamento social, agora distanciamento controlado, a união recomenda aglomerações, dispensa máscaras e recomenda que invadam CTIs e hospitais, a tudo fotografando a procura de falsidade nos números apresentados. Constrange aos demais entes que ficam sem saber o que fazer.

Nessa dualidade de posições, diminuem o rigor no controle e flexibilizam o comportamento. Em razão disso, aumenta a incidência de contágio e a todos amedronta. Por consequência, ficamos mais afastados do fim ou, pelo menos, da menor gravidade porque o fim do mal só com a vacina cujo prazo de utilização é desconhecido e incerto. Há quem arrisque que será ainda este ano; outros, mais realistas, apenas para 2021. Tivéssemos adotado o critério de alguns outros países, como Espanha e Paraguai, por exemplo, já estaríamos controlando melhor e com prejuízos menores. Qual critério seria mais eficaz com menos prejuízo? Constatado o contágio, a providência que se impunha era o fechamento de todas as fronteiras e a campanha "fique em casa" deveria ser para valer; só circulando os absolutamente indispensáveis, como busca de alimentos, remédios, profissionais da saúde e os demais, recolhidos em suas casas pelo período de 14 dias, tempo suficiente para o vírus cessar a circulação. Mas ao contrário, o que foi feito? 

Nunca se conseguiu, com êxito, um isolamento, sequer relativo. As pessoas circulavam, frequentavam parques públicos, e, alucinadamente, frequentavam as ruas. Quando flexibilizaram, sem os cuidados recomendados, como distanciamento, se concentravam nas lojas, mercados, restaurantes, lancheria e bares como se fosse a última oportunidade de gastarem suas economias. As pessoas não levaram a sério o perigo que se avizinhava a cada dia. Também pudera. Enquanto uns afirmavam que se tratava de coisa séria, outros insistiam em ser uma "gripezinha" - que está matando aproximadamente mil pessoas por dia. Diante desse número, contra atacavam que era número inferior aos que morrem em acidentes de veículos, como se morrer desta forma fosse inevitável nessa hora.

A morte é inevitável, incerta e imprevisível, mas nem por isso não se deve olvidar de todos os esforços para evitá-la enquanto e sempre que possível. Não há outra forma senão a união e o esforço de todos, cidadãos e entes públicos, para o mais rapidamente quanto possível diminuirmos a contaminação e alcançar a curva descendente. Quanto mais se prolongar a crise, muito mais mortes acontecerão e muito maiores serão os prejuízos econômicos.

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